Friday, October 10, 2008

X's and O's: Cover two e Tampa two...

Toda semana vou procurar colocar pelo menos um post sobre estratégia de football, que é um assunto que me fascina pela sua complexidade e especialização.

Vamos começar hoje com estratégia de defesa, englobando dois sistemas de posicionamentos defensivos: Cover two e sua variação híbrida conhecida como Tampa two.


1. Cover two

Como se pode ver pelo esquema gráfico, o cover two é um sistema de zonas, normalmente utilizado no 4-3 (4 defensive linemen e 3 linebackers). É um sistema balanceado prá combater tanto o jogo aéreo como o jogo corrido.
No cover two, a idéia central é dividir a segunda parte do campo em 5 zonas (em roxo no gráfico), com os cornerbacks e linebackers responsáveis em cobrir o jogo curto de passes, com 1/5 do campo para cada um. Se o receiver ultrapassar essa zona, eles não o acompanham, deixando essa responsabilidade para os safeties. Os dois safeties são colocados bem longe da linha de scrimmage, dividindo o campo em 2 zonas, metade para cada safety. Eles são responsáveis pelo passe longo, fazendo com que nada passe por eles, tentanto evitar uma "big play" do ataque adversário.

Os linebackers são cruciais para o cover two. Eles cobrem os LBs, TEs e qualquer receiver que cruzar sua zona. E também são vitais para o suporte no jogo corrido, já que os defensive linemen, nesse esquema, são orientados a atacar o quarterback e cuidar apenas de seu gap (em amarelo no esquema).

O cover two funcionou muito bem por várias décadas, até que apareceu a West Coast Offense.


Como vocês podem reparar no gráfico (em amarelo), o cover two deixa vários "soft spots", ou seja, áreas que ficam descobertas pela defesa. Passes curtos, entre cornerbacks e safeties, típicos da west coast, causam problemas. E como os ataques também começaram a usar muitas formações com vários receivers ("spread formations"), os safeties começaram a ficar muito sobrecarregados, pois tinham que cobrir muito campo e quando aparecia um terceiro receiver no passe longo, a coisa desandava. Na metade da década de 90, Tony Dungy e Monte Kiffin começaram a criar uma variação híbrida do cover two para suprir essas falhas que estavam sendo muito bem exploradas pelos ataques da west coast offense. Surgia o Tampa two.

2. Tampa Two

A tampa two tenta preencher os "soft spots" criados pelo cover two. A principal diferença está no jogo do middle linebacker. Na tampa two ele é responsável em cobrir até 30 jardas downfield, dividindo o campo para o passe longo em três, criando praticamente um "cover three", o que acaba tirando muita pressão dos safeties na cobertura, já que agora, ao invés de cobrirem metade do campo, são responsáveis por 1/3 apenas. Por isso mesmo você sempre vê Brian Urlacher cobrindo receivers downfield. O resultado é que, como os safeties cobrem menos campo, eles têm mais condições de cobrir os buracos deixados pela cover two tradicional, principalmente o espaço entre eles e os cornerbacks e linebackers.

Os outside linebackers continuam responsáveis em cobrir o jogo de passe curto pelo meio, com o campo dividido agora em 4 partes. Por isso mesmo que a velocidade é tão importante nesse esquema, já que esses LBs vão ter que cobrir mais campo. Derrick Brooks fez seu nome com sua velocidade exatamente por essa característica do tampa two.

Os cornerbacks nesse esquema são mais agressivos, tentando bloquear os receivers na nascente de suas rotas na linha de scrimmage, o que, além de facilitar a chegada do safety, ajuda a desequilibrar o timing entre quarterback e receiver, tão importante na west coast offense. Cornerback físicos são vitais para esse sistema, pois os receivers estão cada vez mais rápidos e fortes e não é fácil criar um jamming nesses WRs, vital para o bom funcionamento da tampa two.

Os defensive linemen são ainda mais agressivos, tentando sempre criar pressão constante no quarterback. Cada X (ver gráfico) é responsável apenas por um gap, tentando pressionar ao máximo o QB. Warren Sapp foi sinônimo de defensive lineman do tampa two, sempre criando problemas para olinha ofensiva. E nesse esquema raramente ocorrem blitzes, por isso mesmo é muito importante que a defensive line crie essa pressão, porque, jogando solto, um bom quarterback vai simplesmente jantar as zonas da tampa two.

Por essas características, a tampa two é perfeita para evitar as big plays adversárias. Ela sofre com um bom jogo corrido e talvez com um bom jogo de passes curtos, mas o ataque vai penar prá conseguir grandes ganhos, tendo que jogar com muita paciência, no "dink and dunk". A força da tampa two é a aposta de que, em algum momento, o quarterback vai perder essa paciência e forçar o jogo aéreo longo e cometer um turnover. Foi o que aconteceu com Aaron Rodgers na semana 4 contra o Bucs e com Jay Cutler também na semana 4 contra o Chiefs.

Hoje, além de Tampa Bay, Colts, Bears e Lions usam a tampa two, com vários times usando características dela, como o Broncos e Chiefs.

É isso. Semana que vem vamos falar sobre os defensive linemen, suas funções e suas denominações. Você vai finalmente saber que diabos é "three technique"...:-)

5 comments:

Anonymous said...

Parabéns pelo blog. Interessante para quem é veterano no assunto e didático para quem está começando. Estávamos precisando de algo nesse nível...

Anonymous said...

Comida + NFL? Hum... acertou em cheio!! Hehehe!! Parabéns!!
E belo post sobre a defesa!!

Anonymous said...

belo post!!!
parabens!

Lucas

Kleber Ancona said...

Opa, obrigado pela força...apareçam sempre, toda semana colocarei pelo menos um artigo sobre estratégia de football...Abraços !!!!

Virgilio said...

Bem bacana o blog e o post.
Tb sou torcedor do broncos!!!
sempre que puder fazer uma analise dos jogos do time seria legal!!!

abraço...

Virgilio Oliveira RB#26
Cuiaba Arsenal